por Daniel Pipes
FrontPageMagazine.com
3 de Março de 2009
http://pt.danielpipes.org/6209/esta-conferencia-surrealista-para-a-reconstrucao
Original em inglês: That Surreal Gaza Reconstruction Conference
Tradução: Joseph Skilnik
Será que eu fui o único a esfregar meus olhos ontem em descrença, quando o governo egípcio hospedava uma "Conferência Internacional para a Reconstrução de Gaza"?
Ela ocorreu
Entre as maiores doações estão incluídas as contribuições do Conselho de Cooperação do Golfo de 1,65 bilhão de dólares no prazo de cinco anos e um comprometimento do governo dos Estados Unidos de 900 milhões de dólares do contribuinte americano (dos quais 300 milhões de dólares irão para a reconstrução de Gaza).
Husni Mubarak do Egito, Nicholas Sarkozy da França, Silvio Berlusconi da Itália, Ban Ki-moon das Nações Unidas, Amr Moussa da Liga árabe e Mahmoud Abbas da Autoridade Palestina discursaram.
Por que a minha descrença neste espetáculo: Eu desejo saber se essas eminências e personalidades realmente acreditam que a guerra em Gaza é coisa do passado e que chegou a hora da reconstrução?
Eles não devem ler os despachos do sul de Israel, que relata a guerra diária que continua lá. Pegue um item de uma notícia representativa do Yedi'ot Aharonot, datado de 28 de fevereiro, "Peritos:
Grads em Ashkelon eram avançados".
Os dois foguetes Grad que caíram em Ashkelon sábado de manhã, [28 de fevereiro] eram novos e de modelos aprimorados, capazes de causar maior destruição do que aqueles que normalmente são lançados de Gaza. Um dos foguetes caiu em uma escola na região sul da cidade e conseguiu penetrar na fortificação que a protegia de projéteis. … Os foguetes Grad que caíram em Ashkelon foram dois, dos cinco ou seis localmente fabricados, de
Em um protesto oficial às Nações Unidas, a Embaixadora de Israel Gabriela Shalev observou "houve quase 100 ataques com foguetes e morteiros da Faixa de Gaza" desde o cessar-fogo do dia 18 de janeiro, ou seja, mais de dois por dia. E têm aumentado em número, com 12 foguetes lançados somente à Sderot no dia 1 de março (cidades de Israel).
Respondendo a estes ataques, o gabinete israelense resolveu no dia 1 de março que "caso os lançamentos da Faixa de Gaza continuem, eles seriam confrontados com uma resposta dolorosa, afiada, forte e inflexível pelas forças de segurança". O Primeiro Ministro-designado Binyamin Netanyahu ecoou esta belicosidade, dizendo, ao que consta, a um líder europeu que ele não sacrificaria a segurança de Israel "por um sorriso".
(O Ministro do exterior Saudita Saud Al-Faisal, concordando de forma inesperada, observou que a reconstrução de Gaza seria "difícil e imprudente, enquanto a paz e a segurança não prevalecerem lá".)
Que diabos os países doadores estão fazendo, entrando no meio de uma guerra em-andamento com a sua notoriedade empenhada supostamente na reconstrução? Meu melhor palpite: isto lhes permite sutilmente sinalizar a Jerusalém que é melhor não atacar Gaza novamente, porque fazendo-o se verão confrontados com muitos governos doadores muito irados – incluindo, claro, a administração Obama.
Acrescentando à qualidade surrealista, existe uma negligente desconsideração pelas necessidades de segurança de Israel. Considere a atitude de Douglas Alexander, o secretário de desenvolvimento internacional para o governo Trabalhista da Inglaterra que prometeu doar 30 milhões de Libras Esterlinas de fundos dos seus contribuintes para reconstruir casas, escolas e hospitais em Gaza. "Há uma necessidade desesperada para que as duras restrições sobre o suprimento de bens seja afrouxado" disse ele, exigindo em seguida que "Israel tem de fazer a coisa certa depressa e tem de permitir bens muito- necessitados de chegarem a esses homens, mulheres e crianças que continuam sofrendo".
Isso é muito humanitário da parte do Sr. Alexander, mas ele intencionalmente ignorou as expectativas israelenses de que o Hamas confiscará o aço, o concreto e outros materiais de construção importados para construir mais túneis, bunkers e foguetes. Afinal de contas, o Hamas desviou anteriormente entregas destinadas aos civis e de maneira tão flagrante que até mesmo a normalmente dócil Agência das Nações Unidas de Ajuda e Trabalho protestou.
Husni Mubarak poderia advertir o Hamas para não tratar as promessas dos doadores como uma "conquista de guerra", mas seguramente fará precisamente isso. O representante dos Estados Unidos Mark Kirk (Republicano de Illinois) entendeu bem: Encaminhar 900 milhões de dólares a esta área, e digamos que o Hamas poderia apenas roubar 10 por cento disso, nós ainda nos tornaríamos o segundo maior financiador do Hamas depois do Irã".
Assim, sob a alegre bandeira de construir, nas palavras de Clinton, "uma paz abrangente entre Israel e seus vizinhos árabes", os estados doadores não só estão desafiando Israel a se proteger do lançamento de foguetes mas estão canalizando matériel para o Hamas.
Trata-se de ignorância ou mendacidade? Eu suspeito que seja a segunda; ninguém é tão tolo assim.
Atualização de 3 de março de 2009: Barry Rubin faz um argumento complementar em "Gaza a Que Preço"? contra os fundos para a reconstrução, observando que isto não levará à boa vontade nem à paz
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